Um só corpo!

Passará...

O silêncio que precede o pranto,

o eco que ornamenta o oco,

saudades de sentir saudades

do que fora real, do que seja distante,

a fé mutilada no peito,

a fé insistente no peito,

suspiros de orações doloridas.

Passará...

Tempestade que atormenta os sentidos,

noite infinda que procrastina o amanhecer,

meu Pai, meu Pai,

eis que os joelhos trêmulos duvidam,

os lábios trêmulos hesitam,

o olhar cansado espera em Ti.

Passará...

Dor necessária a quem necessita morrer para nascer,

dor necessária a quem toma sua cruz e segue,

eventos medonhos,

moinho e ventos,

mas o aprendizado,

mas o significado,

mas, ininteligíveis caminhos

que se compreendem a cada abraço teu.

Pai,

abraça-me,

de um abraço apertado, demorado,

como se dá ao filho que não enxerga,

calor de vida, calor de Amor,

pois aqui faz frio,

pois aqui há dor,

e que os teus olhos contemplem,

que tua Palavra renove e liberte

dessa agonia que deste pobre ecoa

neste quarto escuro,

metros quadrados alheios e úmidos,

sob a chuva,

sob a chuva,

somente chuva.

Mas sei.

Sim, eu sei!

Passará,

e ao olhar para trás,

contemplarei os nossos passos,

juntos, amigos,

firmes, benditos,

companheiros, convictos...

Um só corpo!

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 11/01/2024
Código do texto: T7974168
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