Um só corpo!
Passará...
O silêncio que precede o pranto,
o eco que ornamenta o oco,
saudades de sentir saudades
do que fora real, do que seja distante,
a fé mutilada no peito,
a fé insistente no peito,
suspiros de orações doloridas.
Passará...
Tempestade que atormenta os sentidos,
noite infinda que procrastina o amanhecer,
meu Pai, meu Pai,
eis que os joelhos trêmulos duvidam,
os lábios trêmulos hesitam,
o olhar cansado espera em Ti.
Passará...
Dor necessária a quem necessita morrer para nascer,
dor necessária a quem toma sua cruz e segue,
eventos medonhos,
moinho e ventos,
mas o aprendizado,
mas o significado,
mas, ininteligíveis caminhos
que se compreendem a cada abraço teu.
Pai,
abraça-me,
de um abraço apertado, demorado,
como se dá ao filho que não enxerga,
calor de vida, calor de Amor,
pois aqui faz frio,
pois aqui há dor,
e que os teus olhos contemplem,
que tua Palavra renove e liberte
dessa agonia que deste pobre ecoa
neste quarto escuro,
metros quadrados alheios e úmidos,
sob a chuva,
sob a chuva,
somente chuva.
Mas sei.
Sim, eu sei!
Passará,
e ao olhar para trás,
contemplarei os nossos passos,
juntos, amigos,
firmes, benditos,
companheiros, convictos...
Um só corpo!