Sorriso do nada
Na penumbra da noite
Um vento fresco sopra
Pelo quarto vazio
Mas o vazio não se move
Olho pela janela
E me pergunto
Se eu volto
A rua está vazia
Sem carros, sem pessoas
Sem luz, sem som, sem mim
Só eu e o silêncio trancado
Ou serei o oco do outro lado?
Imune ao vento que passa
Me observo sem saber
Que não há mais ninguém
Não há mais nada
Não há mais eu
Não há mais casa
Venho a tanto tempo me procurado
E me achei um nada, no vento
Como o tempo que não há
Hei de nada ser também
O único som é o meu
Uma voz que me diz
Que a verdade é o que cala
Mesmo que seja muda
Um violão violado
Sem cordas
Nem um cordel
Não posso mais ser tocado
Tudo pode ser o que não podia
Tudo pode destoar
Tudo pode ser sem alegria
O que pode um nada? Ser eu?
Mas depois que o vento passa
Passa a lágrima no rosto que não era meu
E sou um nada que ironicamente sorri