Soturno
Eu sou a tristeza dos dias vazios,
A escuridão que envolve a alma,
O silêncio que oprime os sentidos.
Sou o ruído dos passos solitários,
A bruma que assombra o mar,
O sussurro de um adeus.
Sou a dor que não ameniza,
A lembrança de amores perdidos,
O tormento do tempo que se esvai.
Sou uma navalha que vaza a carne,
O canto maligno do corvo,
A oração suplicante do eremita.
Vou assim persistindo indolente,
Como o caranguejo do mangue poluído
Que almeja aquele verdume de outrora.