Tamanho Absurdo
Eu sofro, enfim, sempre calada
Não sou de criar situações.
Queria eu ser interpelada,
Mas não me chegam argumentações.
O mais gélido vazio me acompanha,
Com o primor das falas que não vêm.
O silêncio estrondoso faz campana,
Sem cobrar-me um mísero vintém!
Meus botões estão em aperreio,
Pois a eles eu digo tudo.
Queria pra o diálogo, um torneio,
Mas eles me ouvem e ficam mudos.
Às vezes me pego em devaneio,
Imaginando que se fazem de surdos,
E um momento de sensatez me sobreveio;
"_Como posso conceber tamanho absurdo?"
Singela poesia deixa por interação em "Invisibilidade", da ilustríssima poetisa Ondina Martins. Visitem-na, pois, ela é fenomenal!