Procura-se!
Eu te procuro nas esquinas por onde vou
Eu te procuro nas filas do supermercado
Eu te procuro nos
guiches de rodoviárias
Eu te procuro no saguão do aeroporto
Eu te procuro através de vidraças empoeiradas
Eu te procuro no azul de um dia feliz
Eu te procuro num gole de vinho branco, sorvido lento
Eu te procuro no lago lamaçento
Eu te procuro na última prateleira da biblioteca
Eu te procuro no suave silêncio das noites não dormidas
Eu te procuro no meio da multidão
Eu te procuro no vazio da solidão
Eu te procuro na chuva que cai miúda
Eu te procuro na terra que sangra
Eu te procuro no som do meu tambor
Eu te procuro no cansaço do trabalhador
Eu te procuro no tarô de cigana
Eu te procuro em outras camas
E continuo em vão a procurar-te
E alimento de saudade meu coração.