AS ÁGUAS DA SOLIDÃO

 

Já ouví o barulho das águas, nas quedas,

e tambem o tilintar de algumas moedas,

caindo sobre meu tão surrado chapéu.

Já vivi com a solidão, terrível dor noturna,

já depositei minha esperança numa urna,

que se encontra, numa estrelinha do céu.

 

Já senti minha perna, doendo e sangrando,

mas venci a triste noite,sozinho e delirando,

tendo como cobertura, leve camada de capim.

Noites vazias, noites sem sono,noites nuas,

que convivi na solidão,no silêncio das ruas

um desprezo, a natureza lançou sobre mim.

 

Quantas vezes considerava isso um castigo,

e perguntava, mas por que isso comigo?

Livre me dessa doença, quero um trabalho.

Mas sempre ouví uma resposta negativa,

que me atirava cada vez mais a deriva,

quando sentia de manhã, no rosto o orvalho.

 

Pernas inchadas, sem o meu corpo sustentar,

perambulando, nunca alguem me viu reclamar,

com uma sina de mendigo, deixo a vida seguir.

Um pedacinho de pano branco, que encontrei,

lembro,com muito carinho  eu o lavei,

para enxugar lágrimas, não sei o que e sorrir.

 

Quando me ver, caído no chão,

respeite a minha solidão,

breve, de sua vista irei sumir.

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 06/11/2023
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