AS ÁGUAS DA SOLIDÃO
Já ouví o barulho das águas, nas quedas,
e tambem o tilintar de algumas moedas,
caindo sobre meu tão surrado chapéu.
Já vivi com a solidão, terrível dor noturna,
já depositei minha esperança numa urna,
que se encontra, numa estrelinha do céu.
Já senti minha perna, doendo e sangrando,
mas venci a triste noite,sozinho e delirando,
tendo como cobertura, leve camada de capim.
Noites vazias, noites sem sono,noites nuas,
que convivi na solidão,no silêncio das ruas
um desprezo, a natureza lançou sobre mim.
Quantas vezes considerava isso um castigo,
e perguntava, mas por que isso comigo?
Livre me dessa doença, quero um trabalho.
Mas sempre ouví uma resposta negativa,
que me atirava cada vez mais a deriva,
quando sentia de manhã, no rosto o orvalho.
Pernas inchadas, sem o meu corpo sustentar,
perambulando, nunca alguem me viu reclamar,
com uma sina de mendigo, deixo a vida seguir.
Um pedacinho de pano branco, que encontrei,
lembro,com muito carinho eu o lavei,
para enxugar lágrimas, não sei o que e sorrir.
Quando me ver, caído no chão,
respeite a minha solidão,
breve, de sua vista irei sumir.