Transcrições XIX
As madrugadas já não são tão dóceis
Recorto papéis ao som do silêncio
O beijo do amanhecer me aquece
As luzes brilham registrando os inquietos momentos
Os amores se abraçam
Os guardas se vigiam
O asfalto sobrevive às gerações
Estou preso em grades
Numa redoma de vidro e concreto
E tenho todas as chaves
Sentado numa cadeira desvalida
Preso nas infelicidades que semeei
Acompanhando as peripécias do audiovisual
Vazio de sentimentos
E cheio de desejos
Das mais cruéis, puras e impuras emoções
Como é difícil amar
Encantar-se dia a dia
No caos encontrar poesia
Dessalgar as lágrimas
Conjugar a incerteza
Estou ofegante
Traduzido na mais infinita ansiedade
Liberdade? saudade? verdade?
Eu tenho todas as chaves
Mas o que sobrou das fases...