Não me faça abdicar
Eu busquei um sorriso
Encontrei um defeito
Disfarçado de virtude
Aqui representando pecado
Em um pequeno instante de indulgencia
Notei quão raro é para mim vencer
Sou o resultado de perguntas
Onde a resposta é um porque
Me trate como um humano, imploro
Eu mesmo estou deixando de acreditar
Que em anos de terapia e procura
Ainda sou um naufrago a tolerar
Que concessões são feitas pois ainda sinto partido
Me desejo em um lugar que não me é permitido
Como um tempero agridoce quando você não tem paladar
Como outra espécie me sinto reduzido
Sim, eu queria partir grilhões e acreditar
Como eu iria me tornar alguém digno da humanidade
Que me é abdicada e eu não sei como recuperar
Eu só tenho um corpo, um sofrimento e saudade
Eu já vivi sentindo respeito nos olhos alheios
E já tentei lutar por um paraíso que se tornou impossível
Eu queria que você me amasse, o que é risível
Gregor Samsa me vem em mente quando desisto de meus devaneios
Apenas rastejo procurando quem acreditar em mim
Enfim compreendendo a lição que é ser sapo
E saber que a transformação pela paixão é possível
Me recordo de melhores eras, amputadas de mim pelo tempo
Me sinto em meio a serpentes
Com uma forma bestial acostumada ao veneno
Quanto mais eu estarei fadado a estar ausente
De minha própria vida por não ser quem estou procurando?