Transcrições V

A TRÁGICA TENTATIVA DE SER APENAS EU

É mais um fim de estação.

Percebo a dificuldade do meu cérebro de processar tudo isso.

Já assisti tantos filmes e ouvi tantas músicas:

Nada me trouxe uma resposta.

As horas passam...

E a única coisa que enxergo é a luz do caos;

Que como a luz da aurora, surge incansável e inevitavelmente.

As dores que me sangram já sangraram outros mais.

Rasgo de mim toda impureza e semeio lealdade,

Mas ainda me questiono para quê tanta fidelidade?

O branco que cerca a minha sabedoria já vagou pelo inferno do jugo alheio.

Trago como dote as cascas das feridas dos incompreendidos.

Trago as minhas verdades, as minhas mentiras, os meus vícios, as minhas virtudes. Trago todo o meu eu.

Dói como nunca!

Mas o que traria? O que posso trazer? Senão apenas eu!?

Tentei vender versos.

Encantar a morte.

Ridicularizar os deuses e fugir.

Tentei sentir o sabor:

escrevendo canções

cancelando ignorância

rindo pela paz

jogando jogos invencíveis.

Insisti em tudo que não me pertencia e, então, falhei:

falhei na trágica tentativa de ser apenas eu.

03-05-2023 as 21h59

Ronaldo Crispim
Enviado por Ronaldo Crispim em 30/10/2023
Reeditado em 22/09/2024
Código do texto: T7920340
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.