Cataclismo
Como um planeta recém-saído da nebulosa solar
Que traz consigo o caos absoluto dos elementos,
Assim é o meu coração, a pulsar em seus tormentos
No cataclismo eterno e horripilante do amar
Não há mais sequer sangue correndo em minhas veias,
Apenas o fluxo incessante do magma a borbulhar
Que, vez por outra, encontra água e vem a petrificar
Formando das futuras montanhas as aceradas cadeias
Há paz absoluta nesse caos dos elementos em desalinho
A paz que só é possível fruir em plenitude estando sozinho
Sem a insolência do amor a insinuar-se, sempre depravado
Tecendo suas quimeras, sempre tão doces quanto perversas
Tentando, com a sua luz impura, profanar as minhas trevas
As mesmas que ora restauro, após o haver, enfim, despedaçado.