os imperdoáveis
Um teatro
Vazio
Com suas poltronas de
Veludo
Vermelho
Vítima de uma peça
Irrisória
Escrita às pressas
Por um poeta que há muito
Perdeu sua voz
Sua pena
E seu coração
Um teatro
Cheio de lembranças
Com suas poltronas de
Veludo
Vermelho
Culpado de semear
Esperança
Nos rostos pálidos
De poetas que há muito
Acreditaram na famigerada
Luz
Enterrada em nossos corações
Um teatro abandonado
Onde peça nenhuma
É exibida
Sua fachada desgastada pelo tempo
Suas letras em desarranjo
Sua tristeza escorrendo pelas calçadas
Engolida pela sarjeta
Um lugar antiquado
Lar daqueles que ponderam
E duvidam
Das certezas escritas
Por homens sábios
Das decisões tomadas
Por homens visionários
Belo e decadente lugar
Daqueles que se calam
Diante da estupidez
Diante da injustiça
Diante da tristeza
Um teatro
Um túmulo
Para os mais covardes
Os mais imperdoáveis
Lugar daqueles que odeiam o amor
Lugar daqueles que gritam sem silêncio
Lugar daqueles que esquecem quem são
Todo o espírito embalado
Nestas quatro paredes
Desaparecido
Vagando sem memória
Pelos corredores infinitos do tempo
Procurando
Eternamente
Por algo carinhoso e caloroso e importante
Sobre o qual
Esqueceu completamente
Como encontrar