OS ROSAIS
Embora toda a noite juntos
Nem se tocaram nas mãos
Só o olhar furtivo da dor
Nem sequer se permitiram ver o sol se pôr
Já que a dor posta na mesa
Cerveja, violento amor
Tinham-lhes melhor sabor.
“E eu não vou cuidar dos rosais que ele deixou
Que eles sequem como eu seco,
Que eles morram como eu morro,
Que eles se desfaçam em dor”.
Eram quatro jogadores
Palavras amargas na boca
E sobreposta na mesa
Medo, violento amor
Tinham-lhes melhor sabor
E o que é que estou fazendo aqui
Diante do mar sem rosto
A ponte também sem rosto
Com as mãos postas sobre o mar
Numa eterna oração
Num infinito cantar
Se é infinito o teu pranto
É voraz a minha dor.
* A quadra em aspas é de autoria de Rosalía de Castro, poetisa espanhola, considerada a fundadora da literatura galega moderna.