MORDAÇAS
Encaro o oco que é querer
Que é o futuro
De ver o vulto, a sombra, a mágoa
A borda
O transbordamento
A memória infalível
Devir de um olhar fútil como o teu
Não deveria afetar, nada amordaçar ou estremecer
Muito menos seguir perturbando este semblante
Quereres e sonhos
Mas atravessa e rasga
A miúdes
Revela um vão
E a inatividade que se reverbera
Na crueldade do quase
Do "por um fio"
Do "por um triz"
Do "por pouco"
E a saudade? Se envadece com a sede.