O Homem Perdido
Houve um homem que se perdeu,
Perdeu-se no mundo que o coração o prometeu.
Sonhador, sonhou o mais longe que conseguiu,
Não conseguindo mais, parou e sorriu.
Pobre homem que agora compete com a realidade.
Seguir e saber que não há quem o acompanhe na idade.
Só e só será o quanto a solítude o fizer ser.
Terá de padecer e fará o coração tremer.
Certo que na margem ele canta a sós,
Canta aos céus que não cabe ouvir a vós.
Ele está com medo, mas é corajoso.
A vida a sós é algo que o torna desejoso.
Ninguém o quis acompanhar, quem quer o frio?
Algo que desapareceu em si, deverá ser o brio.
Não há fé, não há dor, não há parecer,
Uma vida em vão e no final ele só queria tudo perceber.
Perceber que deixar vencer aquele orgulho,
Deixá-lo ganhar e sentir vivo o pedregulho.
Ele quer que todo o mundo se vá embora,
Ver que hoje era domingo e já é hora.
Perdido ainda segue,
Olhando os céus sem que peque.
Deus onde estás?
Suspirou e viu Barrabás.
Percebeu que ao longo da margem,
Nada mais que uma vagem,
De toda uma árvore,
É o suficiente para que pare.
Nada mais há além,
Além do que ao coração convém.
Não vás que a perdição consola,
Consola todo o coração pisado pela sola.
Há uma mulher, até duas,
Mas não quer dores além das suas.
Não há quem valha o rubor
De um coração que não sofre de amor.
Não há habilidade na escrita,
Mas quem lê, na rima não acredita.
Então é hora de despedir,
Que na solidão há que persistir.
Perder mais ainda em si,
Aquele que mais longe consegui.
Sou homem só e o dia que fusco,
Gosto só quanto mais o busco.
Acredito que nada o vá fazer mudar,
Mas não é do coração a vontade de arrancar.
Perdi-me se calhar num coração que não o meu
Em busca de algo que o amor não deu.
Queria buscar-te, mas nem me tenho.
Não sou meu e acho que amanhã não venho.
Corrente é o rio que com força vai e não para,
Se parar, para o tempo e tudo o que gira na sua tara.
E agora veio o fim calmo,
Triste e Seco como o corpo que desalmo.
Foste luz, mas também o foi o Diabo.
Agora, secura e amargura é a vida que acabo.
Um coração racional e pensante,
A um amor perdido torna-se incessante.
É hora de ir sarar e respirar, talvez comer e beber,
Beber o sangue e comer aquilo que não faz encher.