o grito
Um infinito grito escorregava
horizonte a dentro,
Espraiava pelos ventos
Na tentativa vã de buscar socorro
Não havia como sobreviver
Viver significa morrer um pouco a cada dia
Morrer significa viver sob outras formas
Verossímeis,
incontáveis
Cada voz ouvida soava
Como um enigma completo
Um mistério incompreendido
Um significado vivo
Mas moribundo posto que acabado
Essa lua derramando prata nas águas
Banhando as luzes da cidade
Estonteantes
De brisa e de ilusão
Um infinito grito
Clama em silêncio
Por meio de vogais oclusivas
Permeia esse ódio quieto,
Latente
Doente
Febril
Esse frio intenso e absoluto
Sentido bem dentro d`alma
Que é calma
E é medo de estar em meio ao turbilhão
De estar bem no meio de um ciclo fatal
Que se não mata
Esgota os sentidos
A semântica crucial de tudo.
Essa cortina a cortar o sol da sala
Em gomos híbridos
De claridades e sombras
A dividir o mundo:
em conhecido e desconhecido,
igual e distinto.