o grito

Um infinito grito escorregava

horizonte a dentro,

Espraiava pelos ventos

Na tentativa vã de buscar socorro

Não havia como sobreviver

Viver significa morrer um pouco a cada dia

Morrer significa viver sob outras formas

Verossímeis,

incontáveis

Cada voz ouvida soava

Como um enigma completo

Um mistério incompreendido

Um significado vivo

Mas moribundo posto que acabado

Essa lua derramando prata nas águas

Banhando as luzes da cidade

Estonteantes

De brisa e de ilusão

Um infinito grito

Clama em silêncio

Por meio de vogais oclusivas

Permeia esse ódio quieto,

Latente

Doente

Febril

Esse frio intenso e absoluto

Sentido bem dentro d`alma

Que é calma

E é medo de estar em meio ao turbilhão

De estar bem no meio de um ciclo fatal

Que se não mata

Esgota os sentidos

A semântica crucial de tudo.

Essa cortina a cortar o sol da sala

Em gomos híbridos

De claridades e sombras

A dividir o mundo:

em conhecido e desconhecido,

igual e distinto.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 19/12/2007
Código do texto: T784024
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