A última vez
Eu te procuraria no meio de uma multidão.
Meus olhos estão sempre buscando os seus,
como se eles pudessem me salvar de toda a minha bagunça.
Não há nada que possa me salvar.
Eu sinto que não há nada pior do que isso.
Não há como piorar.
Eu crio cenários na minha cabeça
que certamente nunca vão se realizar
e eu sei que não vão.
Mas em algum momento,
Eu decidi que seria legal me torturar
e nunca ser gentil comigo mesma.
A partir desse dia, consigo entender
tudo o que se passa agora.
Todas as decepções me trouxeram até aqui
e eu não sei definir o que é esse lugar.
Só sei que não gosto daqui.
Dói.
É ruim e não me faz bem.
Mas parece impossível de sair dele.
Por mais que eu siga caminhos diferentes,
parece que sempre acabo nesse destino
sozinha e presa nos meus próprios
pensamentos errados.
É tudo errado.
Pensei que seria diferente,
por eu ser eu mesma
e por você ser você.
Mas acho que é justamente por isso.
Eu sou sempre assim.
Eu sempre serei a peça diferente.
A que não se encaixa, por mais que
eu tente me modificar sempre
pra tentar parecer um pouco mais com
as demais.
Mas é difícil quando o erro já vem desde o início.
Não há nada o que fazer.
Eu te procurei no meio da multidão,
e te achei.
Você me viu
e desviou o olhar.
Ou não viu.
Mas eu prefiro acreditar que me viu
e decidiu não ver.
Preciso dar paz ao meu coração
e construir de volta
as paredes que o protegem de meios amores
e dores mal acabadas.
É mais fácil acreditar que não vai acontecer.
E seguir em frente.
Ninguém mais pode quebrar meu coração agora,
já que não há mais espaço nele.