A JANELA

além do meu mundo

um mundo que contemplo e até aprecio

mas não sei se o desejo...

se o desejo de verdade, sabe?

o suficiente para sair do meu...

um mundo de coisas simples

de gentes simples

lugares simples

de instintos convenientes

costurando momentos bobos antes do retorno ao que sobra

no apagar das luzes

eu ainda prefiro a solitude confusa em que me demoro

sobretudo no mundo paralelo à sofreguidão da noite nas ruas

um mundo só meu

prenhe de silêncios dialógicos

de verdades que a ninguém mais interessam

de sonhos além da janela que não será aberta

não...

definitivamente eu não conseguiria

sair de mim

e essa me parece ser a grande e inexorável dívida impagável

que me corrói as veias

enquanto assim

distraio fantasmas com poesia...

tomo café para não perder o vagão das horas

e levianamente suborno meu pulso

Luciana Nobre
Enviado por Luciana Nobre em 19/06/2023
Código do texto: T7817784
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