A JANELA
além do meu mundo
um mundo que contemplo e até aprecio
mas não sei se o desejo...
se o desejo de verdade, sabe?
o suficiente para sair do meu...
um mundo de coisas simples
de gentes simples
lugares simples
de instintos convenientes
costurando momentos bobos antes do retorno ao que sobra
no apagar das luzes
eu ainda prefiro a solitude confusa em que me demoro
sobretudo no mundo paralelo à sofreguidão da noite nas ruas
um mundo só meu
prenhe de silêncios dialógicos
de verdades que a ninguém mais interessam
de sonhos além da janela que não será aberta
não...
definitivamente eu não conseguiria
sair de mim
e essa me parece ser a grande e inexorável dívida impagável
que me corrói as veias
enquanto assim
distraio fantasmas com poesia...
tomo café para não perder o vagão das horas
e levianamente suborno meu pulso