Desalento Alado: O Lamento da Águia Solitária

No ar eu planava, águia vigilante

Protegendo a abelhinha, amor irradiante.

Por um descuido, feri seu ser amado,

Mas cobri a ferida com ternura, afetos renovados.

Aceitaste minhas desculpas, sem culpa, sem dor,

E voltaste a buscar abrigo em minhas asas, com amor.

Eu era o alívio, o céu sem nuvens cinzas e vazias,

E tua ruiva essência, a cor que alegrava meus dias.

Mas a vida golpeou, abriu a ferida novamente,

E o sofrimento ultrapassou meu alcance consciente.

Ontem, pairando pelas ruas, fui surpreendido,

Pelo amarelo-ruivo de teus cabelos, querida menina, eu te vi.

Tão radiante, refletindo nos espelhos das ruas,

Mulher poderosa, formosa, inspirando ternuras.

Minhas penas se eriçaram ao te observar caminhar,

Meu coração acelerou, voando num só lugar.

Se eu estivesse no chão, imóvel e cativo,

Só poderia admirar, sem ação, passivo.

Abelhinha, tua imagem entre os carros se escondia,

Seu cabelo longo, que já cresce, me deixava em nostalgia.

A saudade invadiu meus olhos, afugentou meu sono,

Na noite sombria, me torci, me pus a questionar o abandono.

Num quarto solitário, embora acompanhado,

Me senti um solitário, pelos grilos e cigarras amenizado.

Ia e vinha, a noite elástica, insônia sem fim,

E ao amanhecer, aqui estou, embelezando um papel sem fim.

Até que tu, abelhinha, sejas acento nessa escrita desordenada,

Meu coração isolado, clama por mudança, por jornada.

Não posso continuar assim, bela abelhinha,

Voa e voa, traz o néctar que só tuas risadas desatinam.

Em tuas asas, cadência de melodia, adormeço sereno,

E que meu ser seja acalentado por ti, amor pleno.

Verny Clovek
Enviado por Verny Clovek em 17/06/2023
Reeditado em 17/06/2023
Código do texto: T7815675
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