Fagulhas
Longos dias,
Sépia,
Frio,
Silêncio,
Sofridão.
De longe, ilumina-me o sorriso,
Olhos fechados,
Estás perto,
Agracia-me a alma.
Hoje, acumulo-me.
Amanhã, restrinjo-me.
Depois, recolho-me.
Escolho a solidão.
Tintas na água: azul, amarelo, vermelho.
Sou esta cor que me colore a alma.
Ao meu retiro, tudo.
Melhor a solidão de dias do que a decepção acompanhada.
Em minha caverna fria: todos!
Entrem!
Entrem!
Entrem!
Nela nado no nada da frieza do mar de meu silêncio.
Dificilmente, nado no relance da luz do sol,
Ele se foi.
Trouxe a luz da lua,
Nela, o brilho de uma centelha de felicidade.
Mas, a luz da lua foi fria,
Me apagou.
Trouxe a maré alta do mar da noite ao meu velho coração.
Nele, a ponta da lança de São Jorge,
Fura-me com amargura,
Ele não me salva: me condena!
Me entrego!
Lacrimejo...
Confissão.
Sem a lua, sou São Jorge sem lança.
Toca-me o dragão.
Draga-me a alma,
Joga-me ao mar.
Meus movimentos monoaxiais.
Απόλαυσε τη μοναξιά σου!
Aos berros: “Aproveite sua solidão!”
Se me gritam os Gregos.
Neste mar, afundo-me!
Nele, fagulhas de correntes frias.
Sou Sépia,
Camuflagem,
Silêncio,
Desfalecimento.
Quase vida,
Dia e noite, eu, mar,
Nele, nado.
Nele, nada.
Exumar.
Nele, escolho a solidão.
Melhor que qualquer paixão,
Um brinde ao meu silêncio,
Um gole de fagulhas de vida,
Sofridão.