Fagulhas

Longos dias,

Sépia,

Frio,

Silêncio,

Sofridão.

De longe, ilumina-me o sorriso,

Olhos fechados,

Estás perto,

Agracia-me a alma.

Hoje, acumulo-me.

Amanhã, restrinjo-me.

Depois, recolho-me.

Escolho a solidão.

Tintas na água: azul, amarelo, vermelho.

Sou esta cor que me colore a alma.

Ao meu retiro, tudo.

Melhor a solidão de dias do que a decepção acompanhada.

Em minha caverna fria: todos!

Entrem!

Entrem!

Entrem!

Nela nado no nada da frieza do mar de meu silêncio.

Dificilmente, nado no relance da luz do sol,

Ele se foi.

Trouxe a luz da lua,

Nela, o brilho de uma centelha de felicidade.

Mas, a luz da lua foi fria,

Me apagou.

Trouxe a maré alta do mar da noite ao meu velho coração.

Nele, a ponta da lança de São Jorge,

Fura-me com amargura,

Ele não me salva: me condena!

Me entrego!

Lacrimejo...

Confissão.

Sem a lua, sou São Jorge sem lança.

Toca-me o dragão.

Draga-me a alma,

Joga-me ao mar.

Meus movimentos monoaxiais.

Απόλαυσε τη μοναξιά σου!

Aos berros: “Aproveite sua solidão!”

Se me gritam os Gregos.

Neste mar, afundo-me!

Nele, fagulhas de correntes frias.

Sou Sépia,

Camuflagem,

Silêncio,

Desfalecimento.

Quase vida,

Dia e noite, eu, mar,

Nele, nado.

Nele, nada.

Exumar.

Nele, escolho a solidão.

Melhor que qualquer paixão,

Um brinde ao meu silêncio,

Um gole de fagulhas de vida,

Sofridão.

Carlos Maciel CJMaciel
Enviado por Carlos Maciel CJMaciel em 13/06/2023
Reeditado em 13/06/2023
Código do texto: T7812541
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