INABITÁVEL POESIA
Aqui, quase nada me
pertence.
Do beiral da janela,
vejo um mundo tão
velho, nascendo todos
os dias.
As minhas unhas enraizadas
na carne e a minha alma
plantada no céu.
Aqui, quase nada canta,
nem dança...
Pela janela, as folhas
acompanham o balé dos
meus olhos, não são elas
à dançar.
Respiro e inspiro embaçando
a vidraça, quase me esqueço
que a vida passa, aqui dentro.
Aqui, quase nada chove nem
se eterniza.
Preciso da brisa leve e inocente
que vem do hálito das coisas
puras e duradouras.
Talvez, eu nem saiba mais
escorrer pela janela...
Vou ficar por aqui.
LuciAne
21:12