JÁ NÃO OUSO DIZER NÃO

Eu quero uma coisa que você não tem

Eu espero pelo momento que não vem

Eu acrescento no lucro mais um vintém

Mas sempre fico sozinho, sem ninguém.

Eu sou sincero, mas não me sincronizo

Neste mundo falso eu nada parabenizo

Penso muito, mas tudo sai de improviso

Faço as malas, parto e a ninguém aviso.

O El Dorado que busco sempre está além

Então olho de lado mas nunca vejo alguém

No escuro não diferencio o mal de um bem

A luz no fim do túnel é mais que um trem.

Agora está tão áspero o que era bem liso

O teto foi rebaixado e está abaixo do piso

A lágrima escorrida corroeu o meu sorriso

Por discordar da lei fui expulso do paraíso.

Salivo a falta do grão que mofa no armazém

Já não ouso dizer não, mas eu não digo amém

Para quem vem com um discurso impreciso

Eu prefiro o enredo de um conto bem conciso.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 09/06/2023
Reeditado em 10/06/2023
Código do texto: T7809658
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