PLANO DE FUGA...
Tramei um plano no
escuro, bem longe dos
meus olhos claros...
Um plano de fuga,
de piedade, sem muitas
trapaças.
Uma viagem sem guias,
sem turistas, sem paisagens.
Arrumei um jeito fácil de fingir
que sou poeta, faço planos...
Sento-me nessa cadeira tão
acostumada comigo.
Não vou tão longe, fecho as
portas, fecho as janelas e
olho os meus dedos doloridos
dizendo coisas, que a boca
não pronuncia, apenas cala
e consente.
Sonho sem saber se ainda
vivo aqui, ou se já parti
a algum tempo...
Talvez o meu plano seja
falho, e as folhas não
sejam tão verdes assim.
Talvez os meus olhos claros
estejam cansados de ver
a minha própria transparência.
Falta-me coragem para atirar
pedras, para matar minha
sede, e finalmente trilhar
o meu novo caminho...