Mesmo assim, distante o chão.

Tem um mundo

Lá no coração da gente

Um mundo sempre igual

Só que diferente

Porque lá também tem céu

Só que nunca é o céu presente

É sempre outro, o tempo

E tudo é melhor, eternamente

Mas só dá pra olhar pra ele

Quando o olhar da gente

Como num barco distante

Olha o mar

Quando uma fogueira acesa

Lá no alto da maior montanha

Uma pipa no céu

Que se torna avião

Contorna o mundo

e volta pra um dia qualquer

Nesse dia é de tarde

E a gente se vê

Lá no galho de uma árvore

Porque lá tem quintal também

Só que sempre é diferente, é melhor

Mesmo assim, distante o chão

Ainda que eu voasse

E, lá nesse céu tivesse

O rosto de tanta gente

Que passou pelas nossas vidas

Gente que nos esquece

Porque sempre haveremos de ser esquecidos

Nesse mundo o esquecimento é diferente

E tudo sempre volta

Em formato de brumas

Como um barco na noite

Que passa lá, distante

E você numa montanha

A montanha no quintal

O quintal lá no galho

O galho no céu

Que se torna avião

Que contorna o mundo

E traz você sempre de volta

E quando volta você deixa lá teu rosto

Pra que sempre sejamos lembrados

Em formato de bruma sem nome

Somos todos crianças brincando no mesmo quintal

Se pudéssemos sair pra brincar

Com certeza a gente iria pra lá

Sempre...ou de vez em quando.

Edson Ricardo Paiva.