Alma Ferida
Alma Ferida
È vendaval e chove lá fora.
Gotas ferem meus sentimentos.
Sofro com isso não é de agora.
È alma ferida, só é em desalento!
È gota que lava a tenra poeira.
È chuva gostosa que vem derradeira.
È frescor de uma tarde chuvosa e fria,
È a luta da alma em busca do dia.
Os sulcos deixados das águas passadas,
São a busca incontida do ser se firmando.
As rochas já gastas, das tardes vazias,
Fechando as lacunas solitárias do dia.
A areia lavada pela alma que chora,
Coroe a esperança de uma mudança.
Da aurora da vida que a tudo implora,
Vagando pelo mundo sem relutância.
È barco a deriva no mar tão revolto.
È onda varrendo as marcas da dor.
È peito sofrendo almejando ser solto
È anseio tremendo em busca do amor.
Lacrando no peito os mil estilhaços.
De um coração há muito em frangalhos.
Juntando os pedaços da alma de aço.
Aparando as arestas firmando os atalhos.
Na busca incontida com determinação,
Supera-se a emoção na busca da vida.
As marcas passadas das dores sofridas,
Já foram lavadas com sofreguidão.
Se foi o vendaval, chegou a bonança.
Juntando, cozendo, cerzindo se fia.
Lutando, buscando, sempre há esperança.
A aurora raiou, é um novo dia.
Ester M. Endo