Suicídio do tempo

A flor do tempo

suicidou-se

Ao pular

Do parapeito

No último andar

Do meu pensamento

Na queda

desintegrou-se

E me deixou

- calou-se -

Parou

Meu tempo

Como um turbilhão voraz

Misturou tudo

Em meus olhos

Onde a íris

Inverte a vida

E as pétalas

- Cálidas -

reflexos

pálidos

Da minha partida.

Deitei solene

As mãos cruzadas

Sobre o laço desfeito;

Enquanto a dor sangrava

Na noite mórbida

Feito pesadelo

Contei os minutos

Que não mais passavam

Tudo estava estático

Olhei ao redor

- a pupila dilatada pelo pranto

Que me afoga neste mar escuro -

Tateando com esperança cega

Naquele breu infinito

Querendo-te ao meu lado

Mas tu não estavas

Fiz-te imaginário

E deixei meus últimos segundos

Na boca em teu retrato.

*

(jessiely)