Uma Tristeza que Escondo
O corpo por vezes dói
É o tempo que por mim passa
E por graça
Teima em o fazer lembrar.
O vazio
Também me sufoca
Faz desalinho no peito
Faz ninho no coração
E por teimosia
E olhos marejados
Sinto uma pálida
Tristeza
Que por vezes
Se confunde
Na minha habitual
Melancolia.
Dizem que as pessoas simples
São mais felizes
Eu não sou assim.
Tenho em mim
O deslumbre
Das artes
O conhecimento
De algum estudo.
E a péssima mania
De opinar e ser racional.
Há uma tristeza que escondo.
Há uma melancolia natural.
Talvez a parte de mim
Em que escolho ser racional
É quando digo,
Está tudo bem.
Ainda que saiba não estar.
Mas prefiro
Não alarmar
Quem me quer bem
Não dar a saber
O que me entristece
Não chorar
Senão na solidão
do meu canto.
Não me entregar
Em brados e prantos
Às dores que me sufocam.
Não vou vacilar.
Atiro á terra
Sementes de encanto
Porque acredito
Que um dia
Vou colher bonitos girassóis,
Alegrar o meu rosto,
Pentear os cabelos
E saber que os meus olhos
Vão voltar a brilhar.
Eu sei que um dia
Serei feliz.
Do jeito que quero
Como fui um dia
Porque eu não desisti.