Uma Tristeza que Escondo

O corpo por vezes dói

É o tempo que por mim passa

E por graça

Teima em o fazer lembrar.

O vazio

Também me sufoca

Faz desalinho no peito

Faz ninho no coração

E por teimosia

E olhos marejados

Sinto uma pálida

Tristeza

Que por vezes

Se confunde

Na minha habitual

Melancolia.

Dizem que as pessoas simples

São mais felizes

Eu não sou assim.

Tenho em mim

O deslumbre

Das artes

O conhecimento

De algum estudo.

E a péssima mania

De opinar e ser racional.

Há uma tristeza que escondo.

Há uma melancolia natural.

Talvez a parte de mim

Em que escolho ser racional

É quando digo,

Está tudo bem.

Ainda que saiba não estar.

Mas prefiro

Não alarmar

Quem me quer bem

Não dar a saber

O que me entristece

Não chorar

Senão na solidão

do meu canto.

Não me entregar

Em brados e prantos

Às dores que me sufocam.

Não vou vacilar.

Atiro á terra

Sementes de encanto

Porque acredito

Que um dia

Vou colher bonitos girassóis,

Alegrar o meu rosto,

Pentear os cabelos

E saber que os meus olhos

Vão voltar a brilhar.

Eu sei que um dia

Serei feliz.

Do jeito que quero

Como fui um dia

Porque eu não desisti.

APGripp
Enviado por APGripp em 29/03/2023
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