Últimos Dias: Sem Cadeado

Eu nunca saberia que minha exercida ignorância

Responderia a tantas perguntas deixadas em aberto

Parcialmente respondidas, mas não em palavras

No momento em que você fechou aquela porta,

E encerrou nossa história. Ponto final.

Agora, neste quarto trancado, isolado do mundo, isolado de tudo

Sinto que estou vivendo meus últimos dias, primeiros socorros

Dias em que vivo uma real montanha-russa emocional

Vezes excitado, vezes assustado, sempre ansioso

Tragado pelo desconhecido, pela impotência, pelo insosso

De ser conduzido a um novo trajeto, traçado destino ou purgatório.

Nestes meses, anos, de tamanha intensidade, vulnerabilidade

Minha idade avançou anos-luz, já não acompanho meu próprio tempo.

A sensação é a de ter soprado um enorme balão com ar do próprio pulmão, e desmaiado.

É como ter vivido meio século, somente neste último milênio. Cada segundo, pausado.

Não tenho muitas alegrias e conquistas a celebrar.

O que restou foi o aprendizado em reconhecer meus próprios erros,

E quem sabe um dia numa oportunidade longínqua, terrena

Permitir-me extravasar sentimentos trancados, lacrados

Tão bem fechados como esta porta travada, sem cadeado.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 08/03/2023
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