PEQUENO DIÁRIO DE UM ABANDONADO
Lá se vão 90 anos,
a vida passou devagar,
fiz tudo que pude por quem podia,
não triunfei em muitos sonhos que tive.
Tenho o corpo surrado,
trabalhei pra que sorrissem,
enquanto escondia as minhas lágrimas.
Recebi como prêmio esse terraço,
meu trono, essa cadeira de balanço...
Sozinho, calado, esquecido...
apenas eu e o abandono,
numa espera incansável que passe alguém,
e me oferte um minuto de atenção.
Não quero ser atrapalho...
Todos têm vidas tão ocupadas.
Só espero que o céu que minha mãe falava,
tenha bastante gente pra conversar.