Ninguém
Era o reflexo do que pensou
A sombra do imaginado
À margem do que foi ousado
Era o plano não executado
Rabiscos sem forma clara
Idéias desencontradas
Gravetos da mata queimada
Era o filho que não vingou
A parte não repartida
O traço indefinido
Era a máscara não retirada
De um rosto nunca mostrado
Moldado contra a vontade
Que perdeu a identidade
Era a tina jamais usada
Da comida desejada
Impregnada de óxido
Parte viva de um mar morto
Era o porto
A espera do navio
Era o cio
De um cérebro hermafrodito
Era um grito
Soltado num vácuo além
Era ninguém