Amsterdã
Quase uma figura previsível demais
Meu tempo urge entre nostalgia e trabalho
Ainda que inevitável e invisível pela noite
Agradeço toda a visita que prostrou-me delírios
Abandono qualquer tato
E atravesso os olhos como a ferrugem
Trazendo desconforto e afeição
Nestes músculos que comovem o fascínio
O absoluto me redimi e eu admito
Eu estive errado em seus braços
O que traduzi amor, era apego
Meus princípios devorados pela devoção
Todos que me conhecem, dizem que tenho o rosto
De um falecido conhecido deles que pouco sabem de sua causa mortis
A história ganha contornos e peso conforme reinterpretada por muitas bocas
O que poucos sabem, é que sou de fato seu querido ex-conhecido
Me perdi no caminho, me perdi entre preservar vícios
Dancei instintivamente na vala até o fim da festa
E na manhã seguinte, enquanto todos exibiam seu títulos
Eu exibi meus cacos de vidro embaixo da pele dos olhos envelhecidos
Observo as convenções exclusivas da elite
Organizando orgias e traições na surdina
Para arrotarem conventos em cada encontro
Que a ciranda oferta aos seus progenitores
Habito nos meus sonhos e uniformes
Em cada paladar que evitei ou talheres
Que desviei meus olhares
Meu buquê é o que a chaga faz com meu corpo
Todos os dias eu escorro pelos meus ossos e tropeço
Num futuro que despede-se e afirmar o passado
Esta é uma carta a tudo que me tarda, apesar dos pesares e outros hábitos
Eu ainda não desisti, eu ainda não me entreguei e nem sei se deveria...