Amsterdã

Quase uma figura previsível demais

Meu tempo urge entre nostalgia e trabalho

Ainda que inevitável e invisível pela noite

Agradeço toda a visita que prostrou-me delírios

Abandono qualquer tato

E atravesso os olhos como a ferrugem

Trazendo desconforto e afeição

Nestes músculos que comovem o fascínio

O absoluto me redimi e eu admito

Eu estive errado em seus braços

O que traduzi amor, era apego

Meus princípios devorados pela devoção

Todos que me conhecem, dizem que tenho o rosto

De um falecido conhecido deles que pouco sabem de sua causa mortis

A história ganha contornos e peso conforme reinterpretada por muitas bocas

O que poucos sabem, é que sou de fato seu querido ex-conhecido

Me perdi no caminho, me perdi entre preservar vícios

Dancei instintivamente na vala até o fim da festa

E na manhã seguinte, enquanto todos exibiam seu títulos

Eu exibi meus cacos de vidro embaixo da pele dos olhos envelhecidos

Observo as convenções exclusivas da elite

Organizando orgias e traições na surdina

Para arrotarem conventos em cada encontro

Que a ciranda oferta aos seus progenitores

Habito nos meus sonhos e uniformes

Em cada paladar que evitei ou talheres

Que desviei meus olhares

Meu buquê é o que a chaga faz com meu corpo

Todos os dias eu escorro pelos meus ossos e tropeço

Num futuro que despede-se e afirmar o passado

Esta é uma carta a tudo que me tarda, apesar dos pesares e outros hábitos

Eu ainda não desisti, eu ainda não me entreguei e nem sei se deveria...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 21/01/2023
Reeditado em 16/02/2023
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