Estranho é este navegar por espaços atemporais.
Neles reconheço os escassos fragmentos de alegria,
Temperando a abundância sórdida dos grãos de tristeza.
Eis que o espírito por mais liberto
Que seja se curva a sua humanidade.
Se faz refém de seu casulo biológico corporal,
Tal como da rede das interações de seu cenário histórico.
E eis que o liberto sabe que a liberdade não é absoluta,
Mas em sendo escravo do homem
Não consegue mensurar qual o seu grau de relatividade.
Eis que ao ver demais,
Sente saudade da névoa das ilusões,
Sente falta da tolice das mais crentes esperanças,
Sente a ausência da potência de vontade do livre arbítrio,
Esta parece totalmente soterrada pela força do destino.
Teriam os mitos maior sabedoria de todo esforço da razão?
Eis que é o saber:
É uma bebida que no primeiro trago parece doce,
Mas que ao se saboreada traz todo o amargo do sabor.
Como então tomar uma dose a mais,
Quando se aprendeu o mal-estar que ela produz?
Rosas e espinhos,
E são tantos os acúleos em torno dos botões.
Ao longe se vê uma espada que se une a velho cajado.
Símbolos, a força não pode ser pueril,
Eis que a espada deve estar sobe comando do cajado,
Mas qual seria a dose de força a ser empregada,
Não basta saber a possibilidade de uma direção
Não basta entender que existe um limite,
Ora, então o que basta afinal?
Não se sabe, não se basta,
Tudo é anseio contínuo,
Tudo é um por vir, um vir a ser.
E ainda que sendo,
Não haverá certeza,
Pois quem pode julgar
a ponto de concluir pelo efetivamente certo?
Não existem respostas
E o pior, é que quanto mais surgem,
Mas parecem se multiplicarem as perguntas.
Eis que talvez na dúvida esteja a essência da resposta.
E neste caminhar contínuo do contraditório,
Quem sabe um dia encontre o caminho
De uma utópica promessa que um dia encantou,
Mas eis que a fé esvanece exausta de buscar,
Prefere apenas crer,
Mesmo que não beba da água do oásis perdido.
Gilberto Brandão Marcon
09/12/2022