Minha janela

A janela está aberta para o nascente,

Tragando o sol que floresce de mansinho,

Enchendo a sala de luz incandescente,

Iluminando o despertar no meu ninho.

Toda manhã passa ao largo a felicidade,

Livre seu cabelo, belo seu sorriso,

Me prende num desejo sua liberdade,

Na janela resta a ânsia do indeciso.

Felicidade não é viver frugalmente,

Estando o desejo ao alcance da mão,

Tão pouco é feliz quem viver livremente,

Com a saudade presa no coração.

Felicidade é ser livre para voar,

No céu azul, e quando asas já não tiver,

O pensamento lhe fará decolar,

Para qualquer lugar que te aprouver.

Felicidade é vê-la passar tão bela,

Vaidosa, cheia de vida, bem desenhada,

Contornando a natureza em aquarela,

Bela, como se do céu fosse pintada.

Tão discreta que me recuso a saudá-la,

O receio me obriga conter a vontade,

Na verdade, me contento só em vê-la,

Mas levarei este amor para a eternidade.

Minha vida, minha estrela matinal,

Quisera apenas um sorriso amigo,

Que expresse mais do que mero sinal,

Para amenizar a dor de meu castigo.

Quando retornas, ao meio-dia, sol a pino,

O cansaço consome sua alegria,

Sem afastar seu estilo feminino,

E segue desfilando sua maestria.

Eu, à sombra, penalizado do dever,

Observo triste seu semblante abatido,

Seria a sombra sobre ti a proteger,

Sua pele trigueira, este rosto abstido.

A janela está aberta para o nascente,

Entra de mansinho a lua em serenata,

Trazendo minha tristeza permanente,

Como a vida nesta janela é ingrata.

JarbasTaboza
Enviado por JarbasTaboza em 14/01/2023
Código do texto: T7694783
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