Confissão
Falo sozinho, é verdade,
Só minha voz ouço,
E assim, como consolo, penso,
Que alguém fala comigo.
A dor que sinto não compartilho,
Nem minha história posso contar,
Se ninguém me ouve,
Como pode alguém me escutar?
Terrível solidão,
Quando quero ver alguém,
Corro para o espelho,
Mas o que vejo é um louco,
Fala quando eu falo,
Escuta quando eu escuto,
E ainda me insulta,
Fazendo tudo que eu faço.
Fantasmas me rodeiam,
Sonhos, liberdade,
Um pensamento constante,
Um passado presente,
E tanta gente comigo,
Mesmo assim estou ausente.
Às vezes choro, é verdade,
As mágoas transbordam,
E pelos olhos fazem chover,
E pela boca trovejar,
Frases repletas de porquês,
E às vezes até desejo,
O que não quero fazer.
A solidão é triste,
Invade a alma sem esperança,
Colocando dúvidas onde não há,
Crença no deitar e acordar,
Fé na dor que costuma incomodar.
Para não esquecer quem sou,
Falo sozinho,
E quando à noite vou me deitar,
Rezo um pouquinho,
Para no dia seguinte me levantar,
E continuar falando sozinho.