Jardins malhados

Acordei no frio...

No escuro...

Amarrado, por cordas imundas, em uma arvore seca.

Era sombrio e...

E se ouvia uma musica baixa no ar,

Vinda de longe.

Vindo lá de onde não sei onde é.

Talvez é lá que eu esteja.

Sentia-me só,

Precisando dos teus lábios marcantes...

Do abraso repentino que nunca ganhei...

Tentei gritar e mesmo assim,

Nem os ratos me ouviram.

Estava só afinal.

E se as cordas arrebentassem,

Eu não saberia para onde ir!

Então que me segurem aqui...

Segurem-me até que morra...

Segurem-me, por favor?

E perguntei pras plantas que não foram mencionadas,

Não excluídas,

Só não plantadas...

Perguntei onde estava...

Delírios teus, me disse à planta mal morta não plantada!

Por minutos, horas ou dias terríveis ali, pensei, se em meus delírios ela não existia...

Sem respostas...

Sem esperança...

É pela Madona que procuro então que as cordas arrebentem...

Arrebentem...?

Arrebentem, por favor?

Eu sei,

Não iram...

Não irei...

Só amararei sozinho...

Plantas e galhos secos minha companhia sombria,

Não fazem mal grados a mim...

Não pensam em mim...

Afinal ninguém tem tudo!

Eu não tenho nada...

Só meu otimismo delirante e empolgante...

Que aumenta a cada dia tosco nos meus sonhos áridos.

Se pudesse diria...

“Que se faça à luz!”.

Mais não posso,

Então só vou calar minha boca e esperar o que não vai vir...

Sentado no meu jardim malhado e delirante,

Sonhando em sonhos sonhados...

Uka
Enviado por Uka em 07/12/2007
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