Às vezes eu queria poder chorar para fora também.
Os arranhões coçam
e marcarão para sempre
minha pele alheia.
Tem história, tem cheiro, tem cor
em cada um dos machucados que simplesmente aconteceram.
Eu não planejei contar sobre tristezas
(E nem marcar cicatrizes com tanta certeza...)
mas foi o que me aconteceu.
E isso me ocorreu poeticamente
quando ouvi seus choros tão nada discretos
que quase me fazem achar que sua dor precisa de plateia para se reinventar.
Então olho meus rasgos
minhas marcas
minha quase vida toda manchada pela dor
(Silenciosa por onde eu for...)
E me persegue despercebida.
E me machuca quando não deveria.
E são tantos furos e feridas
que eu guardo só em mim.
Você não sente falta do tempo em que sofria menos.
Você excede na solidão.
Eu e você sabemos.
Posso ver na sua melancolia sorridente
tudo aquilo que você não sente.