Esperava um vento tranquilo que afagasse os cabelos levemente e devolvesse o ar perdido.

Tempestades destroem cidades inteiras.

No interior, guardava a sensação de frio na barriga, borboletas no estômago, violetas na janela...

Os sonhos adormecidos foram acordados pelo grito interrompido com um olhar de recriminação: ilusão só tem registro de entrada, traz face da identidade.

E como se não coubesse o sentir, recusou visita.

Portas fechadas, janelas cerradas, cortinas abertas.

Lamentou as escolhas. Não são elas as vilãs?

Viu-se vulnerável: solidão faz sabatina com os sentimentos...

E duram.

Duram o tempo que define o descontrole.

Diante dele, do impulso que o crava, a dor parece encontrar aconchego, se ajeita.

Tranquila, por já ter morada, não faz questão de despedidas.

Apropriando-se das emoções, as sequestra.

E o vento, agora leve, não consegue afastar o perigo:

cadeira vazia num mudo caos.

Solidão tem pés, mas não anda sozinha...

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 17/12/2022
Reeditado em 20/12/2022
Código do texto: T7674159
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.