Se nos mais belos campos
Se nos mais belos campos
Não enxerguei as flores, foi sem propósito
Completo de tudo que ali estava, e aos meus olhos não havia nada, e repito:
Foi sem propósito.
Se surdei-me a esclarecer no nó do meu ouvido
O pranto que no choro era a imensidão, não foi porque era surdo;
Talvez somente não apto a ouvir, ou desvendar.
(Ó desbravador de todos males, porque da cantiga do todo belo calaste os olhos à beleza?)
Se me entendesse não seria somente eu, seria eu entendido, ou entendedor, ou como qualquer um queira: a decadência.
Se saber do que eu gosto e admitir pra sempre as mesmas flores faz de mim sublime
Prefiro ser o que sempre fui: ignorado
E no mistico que se rodava todo esse delírio
Sorriram milhares de sorrisos contentes - por serem contentes não eram de gente – e por não serem de gente não valiam, porque não eram verdadeiros
E eu não sorri
Nessa cálida mensagem de ser indiferente ao belo completo, ignorei-me.
Por ser diferente pensei não ser certo, e por não ser certo calei-me quando podia falar, ceguei-me quando deveria ver, e fechei os lábios quando deveria sorrir.
Por não ser completo, decidi por pelo menos ser verdadeiro.
E senti estar feliz não é necessariamente ser o mais sorridente ou valente, mas ser o verdadeiro
Que do que adianta, desbravador de todo o escondido, mentir pra ser real e ser real pra não ser verdadeiro?
Se debaixo de todos os tapetes vive hoje o pó e milhões de bactérias, vivem também admiradores de flores, sim, flores
Porém não verdadeiras.