No caminho de João
sopram ventos do leste:
daqueles que nascem nas montanhas
e vêm rebater em seu rosto
já amargo,corrido, sem frestas.
No caminho de João
há hora das tâmaras,
dos sabiás,
há hora de roçar as azaléas,
hora de ser criança
e se perder no tempo
que se ama.
No caminho de João
há festa de sol e mel,
brilho de magia,
abóboda de céus,
mantos coloridos
- quase casuais -
que pedem em seu ombro.
No caminho de João,
há nome de vida e
da cantiga de ninar.
No caminho de João
há a espera e a dúvida.
Mas no caminho de João
há também gente
que faz hoje
o que todos fizeram antes.
E então nasce a luz
no confins de mãos queridas,
no entrelaço
do azul nesgo
e o branco turvo.