Adeus Anônimo XC3
Ao falar, ninguém pode escutá-la
Sua voz é só um emaranhado inaudível
Fino e sensível como teia sem arquitetura
Seu grito ecoa, ecoa...
Rebatendo sobre duras paredes
É impotente, fragilizado e cansado
E impenetrável em corações frios
Rochosos e cheios de perfurações
E tu, embeleza-o com purpurina e tinta
Se faz sol, dança pelas ruas
Mas, logo esquece:
Que o vento e a chuva te desnuda!
Confuso foge da realidade
Tornando-a embaçada e turva
Cada dia trocando essa máscara tosca
Enganando-se batendo no peito
Afirmando que basta a si mesmo
Quer causar a indiferença
Considerando que te desconheça
Tolo sem perceber vejo-o até de olhos fechados
Escondendo-se com as mãos na fronte
A poeira entra em seus olhos
Criando crostas e camadas de sujeira
Então, você corre apressado
Desesperado e sem direção
Percorrendo em círculos
Camuflando de todo o seu fingimento
Escondendo vidros trincados
Evitando que tente colá-los
Vejo tantos cacos esparramados
Impede-me, jogando-os contra mim
Sou apenas sombra e pó
Que um dia não verá mais
Impiedosamente fatia a si próprio
Espedaçando-te e derretendo a si mesmo
Afoga e afunda em suas águas amargas
Orgulhoso diz que nada lhe falta.