eu sou o medo

eu sou o medo

eu sou tão jovem e tão velho ao mesmo tempo

não tenho nem um ano a mais nem um segundo a menos

a vida parece justa

a vida é tão injusta

se você pudesse ouvir minha risada agora

seria como o som das águas da cachoeira depois de um dia chuvoso

mas você não pode me ouvir

preferiu arrancar as orelhas e plantá-las junto às flores que crescem sem espinhos

eu sou a vida

toda vida e morte semeada entre as palavras

eu sou o fim e o recomeço

eu sou a tarde, sou o próprio sol

só não sou culpado pelas areias que se esquentam

não sou culpado pelo suor do homem que puxa seu carro gigante de lata velha como se fosse um cavalo

não sou nem mesmo culpado pela sede do cavalo

eu sou o sol e sou a bonita manhã dentro de uma gota de orvalho

tão jovem e sereno como um relinchar

criando estrelas no céu

OiAmado
Enviado por OiAmado em 31/08/2022
Código do texto: T7595151
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