SOZINHA
Quando me perco
Sozinha nessas páginas
Escritas por mim mesma
Descrevendo o passado
Tento me lembrar
Que por mais que eu não queira
A vida continua
A vida tem que continuar
O tempo continua passando
E eu vou me acostumando
Ao gosto amargo do final
Eu vou pedindo
Por mim e por minha sanidade
Que nada disso seja verdade
E que a gente possa recomeçar
Não, o tempo não espera
O meu tempo não é o mesmo do mundo
Me sinto presa em uma atmosfera
Num vazio profundo
Pelo contrário, ele acelera
Me pressiona para agir
Não, eu não to pronta e não quero
Aceitar a ideia de que tenho que seguir
Devagar
Respiro fundo
Tenho muito cuidado para não me afogar
Constante
Desespero delirante
Segue firme adiante
Tomou conta do meu ser
O peso dessas linhas
Descritas, escritas,
Deixadas sozinhas
Esquecidas
Da mesma forma que me esqueceu
Me seguro
Meu orgulho
Esse escuro profundo do teu olhar
E me perco
Devaneio
Não me lembro para onde devo voltar
Acredito
Grito
Nesse abismo onde estou
Eu tento
Juro que tento
Te deixar seguir
Mas quando te vejo indo
Não consigo
Sinto que parte de mim vai contigo
Sinto meu pulmão perdendo o fôlego
Meu coração sem eletricidade
Meu cérebro dá alarde
Sei que já é tarde
Mas meu corpo pede o seu
E por mais que você não queira
Minha alma Deus te deu