SOZINHA

Quando me perco

Sozinha nessas páginas

Escritas por mim mesma

Descrevendo o passado

Tento me lembrar

Que por mais que eu não queira

A vida continua

A vida tem que continuar

O tempo continua passando

E eu vou me acostumando

Ao gosto amargo do final

Eu vou pedindo

Por mim e por minha sanidade

Que nada disso seja verdade

E que a gente possa recomeçar

Não, o tempo não espera

O meu tempo não é o mesmo do mundo

Me sinto presa em uma atmosfera

Num vazio profundo

Pelo contrário, ele acelera

Me pressiona para agir

Não, eu não to pronta e não quero

Aceitar a ideia de que tenho que seguir

Devagar

Respiro fundo

Tenho muito cuidado para não me afogar

Constante

Desespero delirante

Segue firme adiante

Tomou conta do meu ser

O peso dessas linhas

Descritas, escritas,

Deixadas sozinhas

Esquecidas

Da mesma forma que me esqueceu

Me seguro

Meu orgulho

Esse escuro profundo do teu olhar

E me perco

Devaneio

Não me lembro para onde devo voltar

Acredito

Grito

Nesse abismo onde estou

Eu tento

Juro que tento

Te deixar seguir

Mas quando te vejo indo

Não consigo

Sinto que parte de mim vai contigo

Sinto meu pulmão perdendo o fôlego

Meu coração sem eletricidade

Meu cérebro dá alarde

Sei que já é tarde

Mas meu corpo pede o seu

E por mais que você não queira

Minha alma Deus te deu

Gabriela Vinco
Enviado por Gabriela Vinco em 23/08/2022
Código do texto: T7589008
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