VINHOS, GATOS E FRIO

Olho com carinho o gato que se aninha

Na lã esbeiçada do meu velho blusão

Buscando calor, até um bicho adivinha

O gelo da noite, o frio da estação.

Recosto, tomo um gole de vinho

Faz bem ao coração e aquece o peito

Serve de consolo quando estou sozinho

É tão frio o quarto, tão largo meu leito.

No rádio, uma canção muito dolente

Revive fibras do meu coração dormente

Ao lembrar dela, a razão do meu amor.

Suspiro, olho o gato, bebo vinho

Faz tanto frio e estou tão sozinho

Sem seu corpo pra transmitir calor!

*Republicando neste perfil um poema das antigas.