N’OUTRO AMOR
Procurar-te onde não estejas,
É como fingir que não sou,
Parte de tudo o que és,
Enquanto vejo-te nos meus passos,
Deparando-me inteiramente com a solidão,
A qual até a mim, chegou!
N’outro amor vem a ser impossível,
Aceitar que eu nada tenho a perder,
Nem mesmo o sonho do infinito,
Quanto a lembrar-me de você.
E questiono-me sem parar:
Qual a distância entre nós há?
E se todo o universo conspirar-se,
Que quero bem mais que apenas,
Fazer-te descansar em meus próprios braços?
O tempo todo, o dia inteiro,
Parece que ouço-te dizer,
Que amas-me, e com sorte,
irás para sempre me receber.
Recordando-me nas madrugadas,
Emergindo-se nas profundezas do oculto!
Somente para sorrir e mais nada,
Num coração que se consola, e se conserva.
Mas é tudo um absurdo,
Ou inadmissível que isso aconteça!
Como algo que de fato,
Não justifica a sua inexplicável beleza,
Ser veemente, enquanto eu existo,
E se eu existo é porque estou aqui!
Onde minha retórica nunca muda,
Para que no fim, eu morra sozinho.
20/06/2022.