Calafrios
Estou febril.
Dois meses depois de abril.
Dias antes do meu natalício.
Triste, deitado, com medo...
Mas vale o artifício
de fingir que o corpo é segredo
que só funciona ao queimar.
Remédios não há.
Companhias também não.
Estão todos lá e eu cá,
ardendo em cima do colchão.
A garganta dói.
O septo está uma desgraça.
A vantagem é que sei que trapaça
reduz a dor que corrói.
Só não sei se te conto,
pois mentir vai aumentar um ponto
nesta noite entre lençóis.
Estou quente.
Sinto calafrios.