Um poema leviano

Existem alguns dizeres que foram feitos para me irritar,

ao dizer que poetas são emocionais demais para serem racionais

me vejo, única e exclusivamente, na posição de quem deve contestar!

Quem diabos vogou essa maldição sobre nós?

Renunciar a lógica é o mesmo que renunciar a vida e abraçar a morte,

o caos oferece a imersão que anula a própria capacidade de expansão

de tal modo que a análise necessária para excrever um bom poema

se perde em meio a pasmaceira.

Se pela vida já chorei e sangrei

se me permiti o suicídio de matar em mim a parte que sabe que horas devo ir

hoje reconheço em minhas artérias a frieza de saber o que se quer

e entender o que não posso ter.

Hoje compreendo que razão e emoção nos fazem chegar onde queremos:

a razão traça nossas metas e nos faz cumprir nossa função,

a emoção nos apresenta o delírio e nos conduz a autodestruição.

Mas não nego que vez ou outra gosto de flertar com a morte

e saborear o gosto do meu corpo em desintegração,

ver meu peito ser abraçado pela desolação,

contemplar o buraco que se alimenta da minha desorientação.

A Aristocrata
Enviado por A Aristocrata em 01/06/2022
Código do texto: T7528626
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