Confissões de um boêmio na curva do Rio Paraguai
Bebo em goles desesperados o líquido do esquecimento, ic!
A aguardente purifica o corpo apurpurado, marcado pelo infortúnio.
Quero exorcizar tudo o que há sobre aquelas manhãs de março.
Corro ligeiro na vã intenção de fugir de minha sombra pecaminosa.
As pegadas carminadas mancham a calçada da orla. As lembranças me seguem
em uma trajetória caótica, uma desordem ordenada, com início no beiral da casa azul.
As condições iniciais... aquelas malditas condições!!! Uma varanda, dois corpos e o fogo.
Desde a lua nova de 95, sofro a ordinária influência dos signos do zodíaco...
Desde então, labaredas de sentimentos me cercam, me cegam, me confundem nos labirintos do destino.
Por isso eu bebo...goles sôfregos, mas eu bebo!
A aguardente aparenta, no início, aquietar o corpo.
Mas quanto mais bebo, mais me incendeio.. Ic!
Um círculo de fogo me prende, a fumaça turva cega os olhos da razão.
Tudo o que sou é fogo, tudo o que toco carboniza.
Agora tudo é cinza. Nada mais...
Tudo o que me restou foi o pôr do sol na curva do rio...
Sempre ali, à tardinha, silencioso e oblíquo...
Imune à minha boemia, às minhas chamas, a minha alma sebosa.
Um brinde ao rio, ic!