não quer cheiro de mulher

nem sempre o viajar tem cheiro de mulher

julho um-sete é uma aurora negra de cetim

cena avião-desastre explode e nos fecunda

horas enormes que malfazejam dinossauros

são paulo obscenando o coração gaúcho

sorrisos enternecendo a branca maldição

almas e ossos rolados pelo chão

com eles crianças brincam de inocência

mamães não vendo a impureza da infância

nosso terceiro milênio não tem cheiro de mulher

história que ironiza transparência

meninas querem ir de branco aos motéis de luxo

- a que morreu desastre julho-dezessete

anos dois-zero-zero-sete

não viu a face de deus

avião-desastre uma esfinge

nos olha nos pergunta e nos devora

- marasmo não quer cheiro de mulher