NO MEU COLO

por Regilene Rodrigues Neves

Por vezes, deito no meu colo

Penduro minhas carências

No varal de dentro

Em silêncio escuto

O tempo lá fora...

Faço e refaço o caminho

Da minha solidão...

Na minha companhia

Desabafo minhas lágrimas

Solitárias sobre à vida...

A melodia toca copiosa ao fundo

Somente o barulho do tempo

Faz alvorada nos meus sentimentos

E nesse crepúsculo

Eu escrevo minhas sentimentalidades...

Alguns rascunhos se perdem

Não quiseram ver o amanhecer

Que chega trazendo o inverno

Interno de um poema sem ler...

No meu colo

Me abrigo desse medo

De me perder outra vez

Desse amor cansado

De desilusões...

Numa taça de vinho

Bebo minha melancolia

À revelia num poema revirado...

Penduradas deixo secar

Minhas lágrimas...

Ainda sobre o ontem

Um bocado de dúvidas sobre mim

E uma página em branco

Querendo escrever essa página

Aberta para o amanhã...

Meu destino à solta

Entre folhas ressequidas

Misturadas de outonos

De sonhos ainda por sonhar...

E um amor à recordar

Meu passado

Nas entrelinhas

Numa confissão de saudade...

Numa interrogação

Sobre um novo amor

Ou mais uma ilusão

De uma fantasia que inventei

Pra minha companhia?

E assim, adormeço

No meu colo...

Em 17 de maio de 2022