No seco laivo da vida
O tempo perdido vaga
E retorna, lento, tardio
E afaga
Amargo
Cruel.
De um regalo ao vento
Há uma alma no abismo
Remoendo um passado
De um sonho meio vazio
De um sentimento forte
Tão caro e franzino.
Vem aí uma anafada
Uma solidão aferrada
Que se encobre na calada
Se aguça-a-madrugada
E me apodrece
A cada hora que passa.
E nos risos sem escrúpulos
Nas verdades mal-ditas
Nos abraços sem afagos
Nas caladas investidas
Corre solto realejo
Em que toca a caminhada
Onde um sonho se cala
Sem testemunhar uma só fala.