O que nas ondas se vai para sempre
Meus pés pediram ao mar
Que pudessem nele consagrar seu caminhar
Pediram ao mar que enfim
Nele pudessem sua sede saciar.
O mar em um dia seu de gentileza
Pediu que dos meus pés antes as feridas
Em suas praias se banhassem
Pediu que das antigas terras calcadas
Em seu pisar se esvanecesse primeiro a sujeira,
Que se misturasse a lembrança ao mar.
Meus pés sonharam com a redenção a si do mar.
O mar esperou a redenção a si de meus pés.
Fiz meus dias na beira da praia.
Fiz salgarem o mar meus pés,
No meu passado chorou seu sal o mar
Na areia as linhas de meus passos cursei
Pela última vez com olhos de apego vi
As terras d’onde vim, o desenho de outrora.
O mar passou e se juntou a mim no que fui,
Mas de infinito que é, juntei-me a ele no que sou.
De infinito que é, o mar me deu na nova rota,
Até a bondade de novos pés.